segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Prova de altruísmo vira exigência em concursos e eleições para cargos públicos

Enquanto estava na graduação na UFSC, aproveitei a carga de optativas para expandir meu conhecimento em outras áreas. Então rumei para uma disciplina do CSE, chamada História do Pensamento Econômico. E o que aprendi lá me marcou muito.

Lembro-me especificamente de um trabalho que me apresentou a alguns nomes do pensamento econômico. Entre eles, um me faz pensar até hoje.

Claude Henri de Saint-Simon, um filósofo e economista francês (1760-1825). Suas ideias foram a base do socialismo moderno, e principalmente do socialismo utópico. Ok, eu sou daquelas pessoas práticas que olham a palavra utopia com uma boa carga de preconceito e por isso que as ideias desse cara me marcaram muito.

Em um ambiente de efervescência de novas ideias políticas, que era Paris na época em que ele viveu, ele defendia que um novo regime político-econômico devia ser pautado pela ciência, pelo progresso científico para que a administração pública fosse mais eficiente e socialmente justa.

Lembrem-se que a Revolução Francesa foi em 1789 e revolucionou o pensamento não apenas da França, mas de todo o mundo. Naquela época, pensar em justiça social era loucura, pois os nobres eram os únicos a terem direitos. A justiça para a plebe era o chicote. Só isso coloca o cara num patamar de pensador revolucionário. Mas suas ideias iam mais longe.

Ele propunha tirar os burocratas, políticos e nobres do poder e colocar os intelectuais e cientistas. Dessa forma, a administração não seria voltada apenas para os interesses de uma minoria privilegiada, mas seria feita de uma forma mais inteligente, com eficiência científica. Assim, o progresso material e social seria garantido, pois os pensadores no poder sempre primariam por decisões boas para todos.

Até hoje me pego pensando nisso. Se, pudéssemos isolar as variáveis e analisar o pensamento de Saint-Simon a partir do desempenho de cientistas e pensadores no poder, o que teríamos de resultado? Tudo bem que isolar as variáveis é muito difícil, pois política é um cenário complexo, com uma gama variada de interesses, partidos e pessoas que mudam de ideia ao sabor dos ventos - e das eleições.

Mas não consigo deixar de acreditar que ele tinha razão. Precisamos de pessoas inteligentes no poder. Há um excesso de gente burra. Gente burra no sentido de que usam suas capacidades para deturpar a função pública, usando sua posição para favorecimento próprio. Esse nunca foi o objetivo do cargo público.

Ao contrário da época em que Saint-Simon viveu, hoje temos um cenário de democracia, no qual a plebe se elege por popularidade, e não necessariamente por competência. E até existem bons políticos que não são grandes intelectuais, nem cientistas, mas são bons pensadores. Porque pensam no bem público. São altruístas.

Daí então, venho complementar a tese de Saint-Simon. Acho que deveria haver uma prova para todo candidato a cargo público. Uma prova de altruísmo. Eliminatória.