quinta-feira, 29 de abril de 2010

Adote um amigo

Direto do blog Mãe de cachorro também é mãe, repasso o convite:

flyer
Porque quem nunca teve um amigo cão deixou de ter uma amizade plena.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Adios Nonino

Adios Nonino é uma das canções mais conhecidas do compositor argentino Astor Piazzolla. É um tango denso composto como uma carta de adeus a seu pai, dias após sua morte em outubro de 1959.

Desde una estrella al titilar...
Me hará señales de acudir,
por una luz de eternidad
cuando me llame, voy a ir.
A preguntarle, por ese niño
que con su muerte lo perdí,
que con "Nonino" se me fué ...
Cuando me diga, ven aquí ...
Renaceré ... Porque...

Soy...! la raíz, del país que amasó con su arcilla,
Soy...! Sangre y piel, del "tano" aquel, que me dió su semilla...
Adiós "Nonino" ... que largo sin vos, será el camino.
Dolor, tristeza, la mesa y el pan...!
Y mi adiós... Ay...! Mi adiós, a tu amor, tu tabaco, tu vino.
Quién...? Sin piedad, me robó la mitad, al llevarte "Nonino"...
Tal vez un día, yo también mirando atrás...

Como vos, diga adiós... No vá más...!

(Recitado)
Y hoy mi viejo "Nonino" es una planta.
Es la luz, es el viento y es el río...
Este torrente mío lo suplanta,
prolongando en mi ser, su desafío.
Me sucedo en su sangre, lo adivino.
Y presiento en mi voz, su proprio eco.
Esta voz que una vez, me sonó a hueco
cuando le dije adiós... Adiós "Nonino".

Soy...! la raíz, del país que amasó con su arcilla,
Soy...! Sangre y piel, del "tano" aquel, que me dió su semilla...
Adiós "Nonino" ...! Dejaste tu sol, em mi destino.
Tu ardor sin miedo, tu credo de amor.
Y ese afán... Ay...! Tu afán, por sembrar de esperanza el camino.
Soy tu panal y esta gota de sal, que hoy te llora "Nonino".
Tal vez el día que se corte mi piolín,
te veré y sabré ... Que no hay fín.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Lisbon Revisited

Não: não quero nada.
Já disse que não quero nada.
Não me venham com conclusões! A única conclusão é morrer.
Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!
Tirem-me daqui a metafísica!

Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciêricias, Deus meu, das ciências!)—
Das ciências, das artes, da civilização moderna!

Que mal fiz eu aos deuses todos?
Se têm a verdade, guardem-na!

Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a
Sê-lo, ouviram?

Não me macem, por amor de Deus!
Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!

Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?
Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!

Ah, que maçada quererem que eu seja de companhia!
Ó céu azul -o mesmo da minha infância
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflecte!

Ô mágoa revisitada,
Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.
Deixem-me em paz!
Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!


Esse é um de meus poemas favoritos, Lisbon Revisited, escrito em 1923 por Álvaro de Campos, heterônimo do poeta português Fernando Pessoa.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Morrer é como...

Uma colega do Jornalismo morreu no domingo. Hoje houve um culto ecumênico aqui na UFSC. Por mais que eu já tenha pensado e repensado no assunto morte, isso sempre me choca e me faz refletir. Até já fiz uma matéria, No rastro da morte, tá prá sair num livro do departamento de JOR, da disciplina de redação VII, qualquer dia posto aqui.

Mas é que há dúvidas que serão eternamente dúvidas. E há respostas que sempre vão te surpreender. Às vezes é a mesma resposta que você ouve mais de uma vez e sempre te surpreende. Como é morrer? Porque se morre? Porque os vivos sempre ficam chocados com a morte, apesar dela ser a conclusão final da vida?

Porquês e porquês sem fim. Na verdade eu já parei de tentar achar um porquê toda vez que me deparo com a morte. Parece que a morte não tem mesmo motivo prá acontecer. Acontece e pronto. Você está vivo e dali há pouco, PUM, morre.

Aí é só viver. Porque quem vive com a morte nos calcanhares, dá mais valor à vida, diz o poeta. Ali, embaixo:

"... já me matei faz muito tempo
me matei quando o tempo era escasso
e o que havia entre o tempo e o espaço
era o de sempre
nunca mesmo o sempre passo
morrer faz bem à vista e ao baço
melhora o ritmo do pulso
e clareia a alma
morrer de vez em quando
é a única coisa que me acalma"


(Paulo Leminski)

Tá na boca do povo

É batata! O que ninguém sabe, alguém inventa. Do que se sabe pouco, sempre tem alguém prá aumentar. Do que estou falando? Fofoca. Na revista Piauí saiu um artigo muito interessante sobre A Pedagogia da Fofoca.

Coincidentemente estou lendo o livro A imprensa e o dever da liberdade, de Eugênio Bucci que fala da relação - promíscua, tensa, indecisa - do jornalista cultural com as celebridades.

Lendo essas coisas, me dá um alívio pensar que ao decidir fazer Jornalismo ao invés de Música na Universidade, porque isso acabou me afastando também do Jornalismo Cultural. Naquela época eu não sabia muito sobre isso mas já tinha uma idéia de como é o mundo da arte e, numa decisão mais intuitiva que inteligente, me afastei de vez.

Respeito muito os profissionais da área porque o desafio é imenso. Olha só o Fantástico fazendo matéria com um rapaz - famoso só no estado de São Paulo - "sertanejo teen", Luan Santana. Ouvi falar a primeira vez na chamada do Fantástico desse domingo. A assessora de imprensa dele, Dagmar Alba, deve estar radiante.

domingo, 18 de abril de 2010

Beleza padrão

O que torna uma pessoa bonita? Difícil de responder quando se leva em consideração que a beleza é uma determinação sociocultural. Por exemplo para as mulheres da etnia Karen da Thailândia, usar argolas de cobre no pescoço e nos joelhos é sinal de beleza.

Quanto mais argolas mais bonita. Mesmo que deforme a clavícula e o pescoço. Elas não são obrigadas a fazer isso. Mas fazem porque querem ficar bonitas.

Achou cruel e desnecessário? Em outras etnias é comum as mulheres deixarem de comer, usarem chapas quentes na cabeça, sapatos com formas estranhas que causam deformações nos pés e fazem cortes profundos no corpo para implantar enfeites.

Isso também é cruel não é? É e a gente vê isso todo dia no padrão de beleza que aceitamos como normal na nossa sociedade. Mesmo assim tem gosto prá tudo. Preferem magreza, curvas, músculos, cabelo loiro, preto ou ruivo, olhos claros ou escuros, puxados ou redondos, altos e baixos.

E se você notar, pela mídia, o nosso referencial de beleza é de pessoas jovens, de pele lisa. Todas as implicações biológicas, históricas e antropológicas a respeito justificam os padrões de beleza.

Mas não é estranho que muitas vezes a beleza esteja associada a sofrimento? Tudo para a pessoa aparecer bela e feliz, sem o menor indício de que sofreu para ficar bonita. Bela, para os padrões sociais e feliz, por ser aceita socialmente como bela.

Há aqueles que se ajustam aos padrões de beleza de sua "tribo" e se mantêm firmes neles para serem aceitos, por mais que sejam dolorosos, tatuagens, piercings, calças apertadas, saltos altos, músculos definidos e magreza extrema.

O belo também é associado ao bom. Na arte sacra se pode notar claramente. Os bons são bonitos, os maus feios. E até as expressões que usamos remetem a isso: "Belo como um anjo", "feio igual o demônio". Tem até aqueles que associam tanto o feio ao mal, que tatoos e piercings de figuras míticas são vistos como marcas do demo.

Os padrões de beleza passam por fases históricas. No período renascentista (1300 e 1650), os gordinhos eram os mais belos. Hoje a magreza domina, apesar de várias manifestações contra. O corpo perfeito, a pele perfeita, o cabelo perfeito, principalmente nas capas de revistas e o Photoshop, é claro.

(PS: Nossa, tem muita coisa prá falar sobre beleza. Vou concluindo, mesmo com essa porção de pensamentos abertos e num próximo post continuo... )

A beleza é capaz de influenciar opiniões. Em qualquer relação social. E ainda assim a beleza também pode ser ignorada quando existe uma empatia que ultrapassa a lógica social. É aí que os feios tem vez.

sábado, 17 de abril de 2010

Morreu na contramão atrapalhando o tráfego

Tá lá, mais um corpo estendido no chão. O lençol branco por cima diminui o choque da cena que aconteceu há poucos minutos. É na rua Delminda Silveira, a poucos metros da Casa do Governador. O ônibus que bateu com a moto está parado com o pisca alerta ligado. Outros dois ônibus que vinham na outra pista também pararam, não podem passar.

Os faróis ligados de um dos ônibus iluminam a cena, o motoqueiro caiu e ficou bem no meio da pista. A moto, pouco danificada, um pouco adiante. Moto bonita. O rapaz, seja quem for, não era motoboy ou entregador. Era alguém que morreu na contramão.

O ônibus pára e o motorista diz a todos que vai demorar. Os dois lados da pista bloqueados. A polícia mantem a ordem. Ao meu lado, no ônibus, uma senhora espia o corpo: "Ai que horror! Esse trânsito é mesmo um perigo", diz enquanto come pipoca. A cena soa surreal. Como se estivesse numa tomada externa no fim do filme alheio.

Morreu, como todos morrem no final de suas vidas. A vida segue. São 22h29. Às 23h sai o ônibus prá Imbituba. Se não precisasse cuidar dos cães no fim de semana, dava meia volta e desistia de ir. O Lucas também precisa ir prá Imbituba, trabalhar. Ele pergunta o que fazer. Não sei, respondo.

Táxi, outro ônibus. Nunca tem um táxi onde a gente precisa de um e nesse horário os ônibus não são tão frequentes. De qualquer forma, a principal via deles está parada. É naquela rua, onde jaz o rapaz da moto. Ligo para meu pai.

Ontem pela manhã minha mana, a Mafas, se separou de suas amígdalas para sempre. Já estavam brigando de forma crônica e então, o desquite foi inevitável. Para acompanhá-la nesse momento importante, mami e papi foram a Floripa - onde o divórcio foi feito cirurgicamente - e estão passando o findi com ela.

Coincidência demais o pai estar em Floripa na única vez que algo me impede de chegar até o ônibus em quatro anos que faço esse trajeto na sexta à noite. Antes de sair do ônibus pergunto aos outros passageiros se há mais algum estudante da Associação de Imbituba. Não há. Vamos a pé até a rótula do CIC, onde o carro do pai aparece para nos pegar.

Em minutos chegamos na rodoviária, a segunda parada do ônibus que sai do CEFET, na Mauro Ramos, onde outros estudantes já estão esperando. Vida segue.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Oda a las papas fritas

Pablito, denovo. Esse poema está no livro Navegaciones y regresos e é realmente o poema mais gostoso do poeta.

Chisporrotea en el aceite
hirviendo la alegría
del mundo:
las papas fritas
entran en la sartén
como nevadas plumas
de cisne matutino
y salen
semidoradas por el crepitante
ámbar de las olivas.

El ajo les añade
su terrenal fragancia,
la pimienta,
polen que atravesó los arrecifes,
y vestidas de nuevo
con traje de marfil, llenan el plato
con la repetición de su abundancia
y su sabrosa sencillez de tierra.


Porque hoje é dia de papas fritas para comer em homenagem à cirurgia de amígdalas que a Mafas vai fazer na sexta.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Um dia, outro dia, o dia seguinte

Às vezes entro numa pira filosófica sem fim. Tipo, como alguém pode se acostumar a viver num lugar só, depois de morar em vários lugares? Se quem ama de verdade ama para sempre será que tem sempre lugar no coração? Tenho medo de ter medo ou tenho medo de várias coisas e na verdade não é medo de nada?

Há alguns dias conversei com um filósofo que estava perdido lá no Departamento de Jornalismo da UFSC e no meio da conversa entrou Pablo Neruda. Na conversa, não na sala. Citei um trecho do meu poema favorito, Pido Silencio e contei as sensações que tive ao estar nas casas de Santiago e de Valparaíso.

O filósofo me disse que após ler o biografia de Neruda, Confieso que he vivido, disse à esposa que não poderia mais viver com ela depois daquele livro. Porque queria chegar num ponto da vida em que pudesse confessar que havia vivido. Essa afirmação me ficou martelando a cabeça.

Primeiro achei que ele era doido. Depois que era estrito. Imediatamente após isso ouvi a voz de meu professor de ética, ecoando do passado: Cada pessoa tem seu ethos. E por isso, veja bem, se entende que cada um é cada um e cada qual é cada qual. Por esse motivo não me cabe julgar.

Algumas pessoas têm uma relação tão passional com os livros que realmente parecem estritas. Estrito no sentido de somente levar em conta o que foi escrito naquele livro ao invés de ponderar e comparar com seus próprios sentimentos e experiências. Não me entendam mal, amo livros e ultimamente ando acompanhada de Thoureau o tempo todo.

Mas o pensamento é sempre pessoal e sendo assim, um representante do seu próprio ethos. Sendo assim, há louco pra tudo, até mesmo pra escrever um post desses a uma hora dessas, simplesmente porque estou com insônia.

sábado, 10 de abril de 2010

Lavando verde, dinheiro, marketing, e questões ambientais, de quebra

Greenwashing é um termo em língua inglesa usado quando uma empresa, organização não governamental (ONG), ou mesmo o próprio governo, propaga práticas ambientais positivas e, na verdade, possui atuação contrária aos interesses e bens ambientais. Trata-se do uso de idéias ambientais para construção de uma imagem pública positiva de "amigo do meio ambiente" que, porém, não é condizente com a real gestão, negativa e causadora de degradação ambiental.
Link
Esse conceito saiu do site do Ambiente Brasil, onde conceitos e notícias ambientais são muito bem tratados. Porque o meu conceito para Greenwashing é: Picaretagem de empresas poluidoras que querem fingir uma imagem, que chamam de "verde", para aparecer bem na fita.

Poderia dar inúmeros exemplos e linkar mais uma porção de notícias, mas por enquanto vou deixar só essa info. Thoureau, a partir do livro A Desobediência Civil, diria que se você compactua com empresas desse tipo, mesmo discordando delas, está ratificando suas ações. Então você pode entender melhor porque vegetariano não é só aquele ser que come alface. Tão simples quanto encaixar vegetarianismo, Thoureau e greenwashing na mesma frase.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Uma Foca também é filosofia

“I went to the woods because I wanted to live deliberately, I wanted to live deep and suck out all the marrow of life, To put to rout all that was not life and not when I had come to die Discover that I had not lived.”

Esse é um trecho de um dos livros do filósofo estadounidense Henri David Thoureau. A primeira vez que o vi, foi em um dos meus filmes favoritos, Sociedade dos Poetas Mortos. E agora comecei a ler o livro do qual ele sai, A Desobediência Civil. Essa obra inspirou Mahatma Gandhi em seus protestos pacíficos e, apesar de ser curtinho e ter nascido no século XIX, inspira muita gente até hoje, em especial, os ativistas ambientais.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Dando um tempo

É, tô aqui no laboratório de informática da UFSC. Aquele, embaixo da biblioteca que só tem sistemas alternativos, tipo Linux. Estou num que chama Mandriva. Depois de comer uma empanada no Básico que parecia recheada de sopa Maggi, estou tentando lembrar o que mesmo eu tinha que buscar no Google para meu TCC.

E não é que acabo de ouvir o celular de alguém tocar a introdução de Pose, do Daddy Yankee? Ai Chile, que saudades!!! Familia El Punto, los extraño weones!!!

AH, supernovidade: O cronograma do meu TCC já está finalmente pronto. Para a primeira semana, ou seja, essa, tem SETE tarefas. Hoje encontrei a Joana Caldas, uma colega do JOR muito gente fina, e confessei a ela que acho que estou tentando abraçar o mundo com as pernas. "Ok" ela disse, "pelo menos as pernas são maiores que os braços!" Não disse que ela é gente fina? ^^

Imediatamente convoquei-a para ser repórter cinematográfico. Ela aceitou, embora parecesse relutante, não quer aparecer no vídeo. Li alguns TCCs que me deram idéias boas de pautas. Agora tenho quinhentas pautas no bolso e nenhuma equipe. Ok, já é um progresso. Comprei mais pastilhas para o estômago. Já não durmo direito à noite, mas, pelo menos, ainda não estou sonhando com as pautas e problemas na edição.

Agora, mudando radicalmente de assunto. Vocês já tentaram fingir que uma pessoa não existe para tentar esquecer que ela existe? Não é fácil, garanto. Mas, por enquanto, essa é a melhor forma que encontrei para lidar com o assunto. Se alguém tiver sugestão melhor, aproveite a deixa, que o off, sou eu que faço!