segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Tabacaria

Um grande poema de Fernando Pessoa/ Álvaro de Campos. Compartilho:

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
à parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei-de pensar?

Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Génio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho genios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicómios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora génios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistámos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordámos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)

Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, para o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.

(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei que moderno - não concebo bem o quê -
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)

Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente

Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.

Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, e os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,

Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.

Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?),
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.

Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheco-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.



sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Clássicos livros: O apanhador no campo de centeio

Às vezes encasqueto com algumas coisas bizarras (Bizarro??? Jura???) Tipo, porque alguns livros são tããão famosos? Foi pensando nisso que li O apanhador no campo de centeio (The Catcher in the Rye), de J.D. Salinger. Tem todo um mito de que era o livro que o assassino de John Lennon carregava no bolso quando deu atirou nele e aí fica todo mundo pensando: Putz! É um livro de homicidas, deve ser muito psicótico.

Não é nada disso. É um livro brilhante pela linguagem que o autor adota que não é exatamente ousada, talvez fosse original à época do lançamento (1951), mas é irritantemente mantida num nível extremo de domínio do início ao fim do livro. Irritante porque você se irrita com a forma de falar, cheio de gírias e exageros, do personagem principal, um adolescente de 16 anos. E isso é uma estratégia do autor, muito bem pensada e executada. Mas impressionante mesmo é o autor conseguir manter essa linguagem o livro inteiro!

Bem, por isso é um clássico, não pelo mito ridículo de ser um livro de psicopatas homicidas.
Há um outro livro que tentei conferir (JURO!), mas não deu. É Ulysses de James Joyce. Tá já faz uns oito anos que eu tentei conferir, mas desde então a lembrança nítida daquele tijolo absurdamente confuso ainda não despregou da minha memória. Li 60 páginas e parei. Um dia, talvez, consiga ler tudo.

O próximo livro que quero conferir o motivo de sua classicidade (não sei se essa palavra existe, mãs...) é A insustentável leveza do ser de Milan Kundera. Lançado em 1984, é uma ficção de fundo filosófico e existencialista, de acordo com a Wikipédia. Vamos ver...

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Teatro, uma nova paixão

Já falei do ballet e da música e agora vou falar de mais uma paixão. E essa é tão nova quanto o ballet. O teatro entrou na minha vida há alguns meses através da Oficina Permanente de Teatro da UFSC. Confesso que nunca antes havia demonstrado interesse em teatro e muito pela experiência traumatizante do teatro que se faz no colégio, principalmente no ensino fundamental.

Ok, eu odiava teatro! Graças aos professores do colégio Marista que obrigavam os alunos a participarem das peças ridículas que eles desencavavam sei lá de onde, e montavam sem a menor direção, nem cenários decentes, nem nada que impedisse o sentimento eterno de #vergonhaalheia que permanece até hoje daquelas peças medonhas.

Mas fui salva pela UFSC. Quando retomei minha vida artística em 2010, como bolsista de um coro madrigal, participei de duas temporadas da peça As Luas de Galileu Galilei como cantora. Não seria nada demais se um acaso não me tivesse apresentado ao teatro musical, através do Mozart, L'Opera Rock. Foi me interessando, a princípio pelas músicas deste musical francês, em seguida pela interpretação, e vendo que a participação dos cantores na peça seria mais interessante se eles atuassem que resolvi me meter com o teatro.

E que mundo é esse no qual parece que me encaixo perfeitamente? Nunca me senti tão em casa como me sinto no teatro, compartilhando o palco e momentos maravilhosos com amigos queridos. O Teatro me ensina a ser mais humana, mais inteira e completa, ensina a observar e aprender sobre as pessoas, me trouxe grandes amigos e experiências maravilhosas.

Recomendo a quem queira aprender mais sobre a vida: faça teatro.

domingo, 27 de novembro de 2011

Mahagonny em vídeo

Montagem com alunos da Oficina Permanente de Teatro do DAC e do Curso de Cênicas - CCE, da Universidade Federal de Santa Catarina, texto de Bertolt Brecht. Direção de Carmen Fossari. Na gravação as cores ficaram alteradas.

Parte1


Parte 2





Parte 3



ELENCO
ANA PAULA LEMOS - Jenny
ANDHERSON SOUZA- Coro Masculino
ANTONIETA MERCÊS DA SILVA - Coro
DANIEL LOPES BRETAS - Coro Masculino
FERNANDO CORREIA- CHAPLIN
GISLAINE BALLS - Coro
JAIME BEZERRA DO MONTE - Joseph
JULIANA FRANDALOZO -- Um tal Bert Brecht
FLORA MORITZ -- Willy
IRIS KARAPOSTOLIS -- Cantora e - Maysa Trindade Procuradora
JACQUE KREMER - Leokadja Begbick
LAURA GILL PETTA --Coro Feminino
LECHUZA KINSKI- Coro Feminino
LUIS TINOCO- Jackob
MÁRCIA CATTOI- Coro Feminino
NEIVANIA THEODORO- Coro Feminino
ROBERTO MOURA - Heidrich
ROBSON WALKOWSKI- Paul

FICHA TÉCNICA
Figurino e Cenário: O Grupo
Cenotécnico Luz e Som: Normando Amazonas
Operador de Som: Neusa Borges
Cartaz: Márcia Cattoi
Fotolito: Michele Millis
Impressão: Imprensa Universitária
Promoção: DAC e Festival Isnard Azevedo FFC- PMF
Gravação Eberson dos Santos
Operador de Audio Visual: Ivana Fossari
Sonoplastia: Calu
Efeitos Tecnicos de Palco: Gislaine Aparecida Bahls
Mixagem Som: Sérgio Bessa
Preparação de Canto: Ive Luna
Fotografia: Marcelo Pereira e Calu

Iluminação, Redigitalização das Imagens e Direção Geral: Carmen Fossari

Fotos nas cores originais do espetáculo no Blog: www.carmenfossari-armazemdapalavra.blogspot.com

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Rapidinhas #07 Ações e suas consequências

Cada ação é precedida de uma reação. Isaac Newton quando descreveu essa lei da física talvez não imaginasse que ela teria sentido filosófico também. A psicologia também descreve coisa parecida. Na prática é o seguinte que observo:

- Se você está numa discussão e altera a voz, a reação imediata do seu oponente é alterar a voz também.

- Violência gera violência. Sim, a menos que alguém quebre este ciclo conscientemente, a reação natural é reagir com violência a um ato igual.

-  Na prática, isso é comprovado com pesquisas: Se um ambiente está limpo e preservado, a tendência das pessoas é mantê-lo assim. Se o lugar está sujo e depredado, a reação das mesmas pessoas é sujar e depredar mais.

- No trânsito, se um motorista move sua mão em direção ao centro do volante, vulgarmente chamado de buzina, os outros vão reagir imediatamente movimentando suas mãos e repetindo harmonicamente o mesmo gesto, gerando, entretanto, uma resposta caótica e ineficiente de protesto contra nada e ninguém.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Hoje é dia de viver!!!

Não tem filosofia de vida melhor nem mais importante que viver! Hoje, o HOJE é o dia de viver.
E sobre isso, meus caros amigos de pensamento concordam:

Se trata que tanto he vivido, que quiero vivir otro tanto (Pablo Neruda)

Eu fui à Floresta porque queria viver livre. Eu queria viver profundamente, e sugar a própria essência da vida... expurgar tudo o que não fosse vida; e não, ao morrer, descobrir que não havia vivido (H. D. Thoureau)

Em homenagem a isso, fiquem com Cazuza neste dia 11/11/2011, às 11h11min.

Vida louca vida



Vida louca vida
 Vida breve
 Já que eu não posso te levar
 Quero que você me leve
 Vida louca vida
 Vida imensa
 Ninguém vai nos perdoar
 Nosso crime não compensa



Se ninguém olha quando você passa
Você logo acha "Eu tô carente"
 "Eu sou manchete popular"
 Tô cansado de tanta babaquice, tanta caretice
 Desta eterna falta do que falar

Se ninguém olha quando você passa
 Você logo acha que a vida voltou ao normal
 Aquela vida sem sentido, volta sem perigo
 É a mesma vida sempre igual

Se niguém olha quando você passa
 Você logo diz "Palhaço"
 Você acha que não tá legal
 Corre todos os perigos, perde os sentidos
 Você passa mal

Vida louca vida
 Vida breve
 Já que eu não posso te levar
 Quero que você me leve
 Vida louca vida
 Vida imensa
 Ninguém vai nos perdoar
 Nosso crime não compensa

Se ninguém olha quando você passa
 Você logo acha "Eu tô carente"
 "Eu sou manchete popular"
 Tô cansado de tanta caretice, tanta babaquice
 Desta eterna falta do que falar

Vida louca vida
 Vida breve
 Já que eu não posso te levar
 Quero que você me leve
 Vida louca vida
 Vida imensa
 Ninguém vai nos perdoar
 Nosso crime não compensa

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Vale a pena ir ao cinema

Dois filmes brasileiros merecem um post de cinema: O homem do futuro e O Palhaço. Produções muito boas, roteiros interessantes. O cinema do Brasil finalmente se despregou da pornochanchada e começa a adquirir identidade com histórias originais e cativantes e claro, atuações impecáveis.


O homem do futuro
A pessoa pensa: Porque fazer um filme de viagem no tempo depois de Back to the future 1, 2 e 3, e ainda por cima no Brasil? Até eu fiquei com um pé atrás. Mas, a música do Renato Russo, Tempo Perdido, no trailer me cativou e apostei. Até porque, difícil uma produção, até mesmo novela brasileira, que dê valor ao rock nacional.

O roteiro é bom, faz pensar e diverte. Mesmo que não fosse, Wagner Moura e sua atuação brilhante justifica qualquer roteiro. Da paranóia de um cientista maluco de meia idade até um garoto gago e tímido, ele é absolutamente convincente. Mas, convincente é uma palavra dura demais para definir o trabalho do cara. Ele é fantástico! Aquilo que você espera ser depois de estudar muito e atuar prá caramba no teatro.

A comédia é uma produção da Conspiração Filmes e conta a história de Zero (Wagner), um cientista que acaba voltando ao passado e tem a chance de mudar sua história. Alinne Moraes é Helena, a namorada de Zero na época de faculdade que o humilha publicamente em uma festa. Dividido entre mudar e não mudar a história, as idas e vindas de Zero rendem cenas hilárias e emocionantes.

Se você não foi ver no cinema, perdeu, porque agora só DVD. Veja o trailer abaixo:


O Palhaço
Com direção e atuação de Selton Mello, corre que tá em cartaz no cinema. E vale o ingresso! O roteiro original e divertido conta a história de Benjamim (Selton Mello), que forma com seu pai, Valdemar (Paulo José), a fabulosa dupla de palhaços Pangaré e Puro Sangue. Junto com a trupe do Circo Esperança, eles percorrem as estradas de terra do interior do Brasil, ganhando a vida de paragem em paragem.

Cansado de ter de resolver todos os problemas do circo, Benjamim é um palhaço em crise de consciência, sem identidade, CPF e comprovante de residência, que sonha em ter um ventilador. Até que decide largar o circo para ir atrás de um sonho ou de um ventilador. 


Trailer abaixo:

Rapidinhas #06

- É estranho seu horóscopo acertar de vez em quando. Mais estranho ainda é ele acertar o tempo todo.

- Os acadêmicos são tão preçunsosos que pensam saber mais sobre você do que seu horóscopo. Mas, no fundo sempre se deixam enganar pelas aparências do pseudo-cultismo.

- Pessoas sempre são pessoas e nunca serão animais por menos humanos que sejam. Porque humanidade é isso.

- Na verdade, não existe o bem da humanidade. Existe o bem para determinados grupos de poder, e se for bom para a humanidade é sorte mesmo.

- O Tempo apaga várias lembranças, como se jogasse acetona nas fotos. Perdi várias fotos dos últimos seis anos que estavam em um HD que não funciona mais. Posso chamar meu HD de Tempo?

terça-feira, 25 de outubro de 2011

O dilema chileno

Quem acompanha o UmaFoca desde que ele nasceu pouco antes de ir pro Chile, já leu algumas vezes sobre os protestos de estudantes contra o sistema de educação no Chile.

Mas, dessa vez indico a matéria de uma colega do Jornalismo da UFSC, a Joana Neitsch, que está trabalhando no jornal Gazeta do Povo. Muito boa, com um contexto que normalmente não se dá atenção nas matérias sobre o asssunto. Vocês podem ler a matéria toda no site da Gazeta. Abaixo um trechinho.

O dilema chileno

Estudantes brigam por igualdade no acesso à educação e pedem mais investimentos no setor, que ainda carrega marcas da ditadura militar

Manifestações e ostensiva presença policial se tornaram rotina nas principais ruas do Chile nos últimos cinco meses.

Bombas de gás lacrimogêneo, carros que lançam violentos jatos de água e presença dos carabineros (polícia nacional do país) são as respostas aos protestos dos estudantes universitários e secundaristas que reagem à realidade de um sistema educacional que é herança da ditadura militar, encerrada em 1990.

Entre as principais reivindicações dos manifestantes estão igualdade no acesso ao sistema educacional e mais investimentos na educação.

 Leia tudo no site da Gazeta do Povo.

domingo, 16 de outubro de 2011

Auf nach Mahaggony!

Última oportunidade de assistir a peça Mahagonny, hj às 20h no teatro da UFSC. Elenco da OPT, direção de Carmen Fossari. Espero vocês lá!

Meu personagem é o próprio autor da peça, Bertolt Brecht. Ao lado uma foto no "cantinho do Brecht".
 
Tem fotos do espetáculo no blog da Carmen. Amanhã espero ter mais fotos do espetáculo prá vcs verem.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

"No Brasil, somos cordiais, opiniões honestas são vistas na nossa cultura como sinônimo de grosseria, arrogância e mal estar."


Essa frase veio do portal terra que entrevistou o diretor de cinema Kléber Mendonça Filho, sobre a crítica cinematográfica. Recomendo

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

rapidinhas#05

- Ira é uma banda de rock. Mas, de vez em quando, é um sentimento difícil de controlar.

- Importante não é ter a resposta prá tudo. Mas, saber a pergunta certa para buscar respostas.

- O difícil de pensar é enxergar coisas que para a maioia não existem e ter de se fingir de míope para não estragar a amizade.

- O difícil de não adotar rótulos e buscar manter a mente livre de estereótipos é que sempre tem uma babaca para te rotular de alguma coisa.

sábado, 8 de outubro de 2011

Mahagonny!!!

Bertold Brecht é um cara engraçado. Escreveu muita coisa e é reconhecido por sua contribuição inestimável ao teatro. E porque ele é engraçado? Porque ele reescrevia várias e várias vezes uma mesma obra e deixava ela aberta para as pessoas modificarem à vontade.


Ascensão e queda da cidade de Mahagonny é uma dessas obras. Nascida como musical, passou a ópera e peça, com inúmeras montagens. E nessa semana - quinta, 13, e sexta, 14/10, às 23h, sábado e domingo, às 20h - nós da Oficina Permanente de Teatro da UFSC vamos apresentar uma delas no Festival ISNARD Teatro, adaptada e dirigida por Carmen Fossari. Leia mais aqui no blog da Carmen.

Meu personagem é o narrador da história, o próprio Brecht. Meu primeiro mergulho num personagem com características fortes, marcantes. Um desafio, realmente.

E faço uma pontinha com as moças de vida fácil, que chegam a Mahagonny cantando The song of Alabama. Essa música aí embaixo:

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

METAAAAL! System Of A Down

System of a Down (SOAD) é uma banda de metal que surgiu em 1992 nos EUA. As músicas tem forte conteúdo político e social. É composta por Daron Malakian (guitarra, vocais), Serj Tankian (vocais, teclados), Shavo Odadjian (baixo) e John Dolmayan (bateria).

O System of a Down usa uma grande variedade de instrumentos, incluindo guitarra barítona, mandolins elétricos, cítaras, violões de doze cordas entre outros instrumentos asiáticos. Suas principais influências são as bandas mais antigas de rock alternativo, mas eles também foram influenciados pelo heavy metal, punk rock, jazz, fusion, música folk da Armênia, rock, rock clássico, blues e industrial. (Isso veio da wikipédia)

No último dia de shows no Rock in Rio, ontem, a banda botou o palco abaixo! Fiquem com Toxicity, um dos hits dessa banda incrível!

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Rapidinhas#04

- "O jornalista tem que ler os poetas. Os poetas são a antena da raça. As coisas que passam acima da mediocridade, só os poetas percebem". (José Hamilton Ribeiro)

- "O jornalista só existe para mudar o mundo, para melhorar o mundo. Se não pensar assim, ele não existe" (José Hamilton Ribeiro, 76 anos, repórter. E vem me falar que ideologia é coisa de jovem ingênuo.)

- Não existe ingenuidade na ideologia. O que existe é ignorância no preconceito e no julgamento das ideologias.
- Definitivamente. Essa é uma palavra engraçada da qual falo mais tarde.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Jupem, nóis na TV

O Jupem, prá quem não conhece, é o Grupo Folclórico Polonês de Erechim, no Rio Grande do Sul. Um grupo que marcou minha adolescência e me fez crescer, pela intensidade, pelos grandes espetáculos, mas principalmente pelas pessoas grandiosas com as quais convivi no grupo. Um grupo cativante que une e reúne as pessoas, e uma vez que você se torna jupeniano, segue sendo jupeniano por toda vida.

Hoje, recebi um recado do Facebook de um amigo querido que é diretor artístico do grupo. Era o link de uma reportagem feita sobre o grupo para o programa Bom Dia Rio Grande. E qual não foi minha surpresa ao me reconhecer nas imagens editadas de espetáculos antigos? Aliás, não só eu, mas minha irmã e outros amigos queridos que compartilharam momentos maravilhosos.

Kochajmy sie!

Confere aí:

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Idosos mais jovens que muito jovem

Maria Lango é uma jovem senhora de 91 anos. Muito mais jovem que muita gente de 19, 20, que conheço. Sabe tirar o melhor da vida e o tempo a ela só acrescenta mais prazer em viver. Ouço muita gente de 19, 20, cheia de preconceitos, julgando as pessoas pela idade, achando que nunca vão envelhecer, ou que sua vida está destinada a ser perfeita.

Bem, essa gente talvez não viva até a idade da Maria Lango, porque não estão impregnados de vida como ela. E agora mesmo, com 19, 20, estão semi-mortos. Pois quem vive julgando os outros esquece de viver a própria vida.

Ontem, na palestra do José Hamilton Ribeiro, o Zé Hamilton, jornalista dos mais brilhantes (vale um google), vi num senhor de 76 anos o brilho nos olhos de quem já viveu muito, mas quer viver muito mais.

E quando perguntei se ele faria cobertura de guerra outra vez, ele ficou pensando e disse:
- Olha, eu não poderia pela limitação física (ele perdeu uma perna ao pisar numa mina cobrindo a guerra do Vietnã), mas se pudesse, se houvesse tipo um jet ski voador, iria sim! Essa é a alma do repórter!

Vejam só a matéria de Juliana Vines, foto de Eduardo Knapp/Folhapress, publicada na Folha de S. Paulo, em 13/09/2011:

Meu tempo não é aquele tempo que passou, meu tempo é hoje
A estudante Maria Lango na sala de aula da Universidade Metodista


"Sempre fui alegre e otimista, mesmo com as dificuldades. Já tive épocas mais tristes, sim. Todos temos fases de grama murchinha.

Em 82, perdi meu marido e percebi o quanto faz falta uma companhia. Tive que reaprender a ficar sozinha e a procurar a companhia de pessoas, mas sem atrapalhar. Sou feliz. Só posso ser feliz. Tenho apoio da família em todos os sentidos e posso ir aonde eu quero e posso.

A maturidade faz com que a gente entenda melhor a vida e aprenda a se comunicar melhor com as pessoas, com mais gentileza. Você se dá conta de que aprende o tempo todo e que nem sempre pode fazer o que quer.

Minha saúde é boa, tirando a ferrugem. Muitas dores existem, nem todas têm remédio. Não estou sempre de bom humor, mas a maioria das vezes, sim.

A época vai mudando e temos que nos adaptar. Meu tempo não é aquele que passou, meu tempo é hoje, eu tenho o hoje. Tenho planos. Quero estar sempre de bem com a minha família e continuar convivendo com outras pessoas para aprender novos assuntos.

Voltei a estudar em 2000. Faço cursos na universidade da terceira idade. As terças e quintas, quando tenho aulas, são esperadas. Estudo direitos da terceira idade, mídias digitais e teatro. Gosto de todas as aulas."

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Rapidinhas#03

- É mais fácil concordar com as regras sociais. Mas isso não significa que você vai ser feliz.

- Jogar fora as regras convenientes da sociedade exige coragem. Isso também não significa que você vai ser feliz. Mas, pelo menos você deu um passo além do comodismo.

- Quando você tem um livro chato e um livro legal prá ler, provavelmente vai ler o legal, mesmo que o chato seja obrigatório para aquele seminário.

- Se você realmente ler o livro chato, vai ler em cima da hora (leitura dinâmica) e vai demorar cinco vezes mais que o tempo de leitura do livro legal.

- Ler é bom. Mas, você não vai entender essa frase enquanto não encontrar livros bons. Esse negócio de ler "até bula de remédio" é mentira feia.

- Ter uma prateleira cheia de livros não é sinônimo de sabedoria. Maior sabedoria é ler livros sem precisar comprá-los. Apesar disso uma prateleira cheia de livros enche os olhos (de lágrimas de emoção!)

- Cheiro de livro novo para quem gosta de ler tem o mesmo efeito que o cheiro da pessoa amada, de acordo com pesquisadores da Universidade de Ueltsin, no Reino Unido.

- Essa última frase acima é mentira. Mas cheiro de livro novo é muito bom!

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Page One

Trailer do documentário Page One, que acompanha um ano dentro da redação do jornal The New York Times.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Rapidinhas #02

- Chocolate, cocada, vinho, salgadinhos, amendoim, pizza e refrigerante no fim de semana podem significar duas coisas diametralmente opostas: Depressão ou diversão.

- Internet 15MB é ótima só na teoria. Na prática é só uma conta mais cara prá pagar.

- Depois que você passa da adolescência percebe como os adolescentes são chatos.


- Uma boa discussão te faz crescer, mas discutir por tudo te faz regredir.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Rapidinhas #01

- O motorista é mal educado porque o trânsito é ruim ou o trânsito é ruim porque o motorista é mal educado?

- Telemarketing tem vários significados implícitos que começam com I e traduzem a cara da empresa: Impessoal, intransferível, incompetente.

- Quanto mais tempo livre você tem, menos tempo você arranja para fazer as coisas. O contrário também ocorre.

- A obra prima da sua vida é sempre aquela que você não fez.

sábado, 30 de julho de 2011

Um cara chamado Shakespeare

Bem, nesse semestre que passou resolvi fazer coisas que nunca antes havia pensado em fazer, a começar pelo teatro e pelo ballet. Apesar de adorar estar no palco, nunca tinha pensado em fazer teatro, confesso que não gostava nem mesmo de assistir. Ballet então? Hah, nem cabia no meu vocabulário.

Mãs, como diz a letra da música Dreams da banda The Cranberries: ♫♫ Oh my life. Is changing everyday. Every possible way ♫♫

Fui lá e me matriculei em ambos. De cara, na primeira aula de teatro, um outro mundo começou. Na preleção de início de atividades, Carmen Fossari, a diretora da Oficina Permanente de Teatro da UFSC, (já citei ela por aqui porque ela dirige a peça As Luas de Galileu Galilei), perguntava quem havia interpretado os clássicos.

Clássicos do teatro? Taí, nem sei o que são, mas ela foi citando Shakespeare, Bertold Bretch, e eu fui captando a mensagem: Preciso desbravar este novo mundo.

Então, neste finde resolvi estudar William Shakespeare (1564 – 1616) e, como o carinha é das antiga faz tempo, o trabalho dele já virou domínio público (de uso livre) e estão disponíveis para baixar. Tem algumas peças lá no site www.dominiopublico.gov.br.

O tio Willow aí é um cara muito considerado no teatro, na verdade todo mundo topou com ele alguma vez na vida, já que Romeu e Julieta até virou nome de doce mineiro. Só que eu quis saber: porquê? O que nas obras dele o tornam tão diferente dos outros e imortal enquanto autor? Encontrei aqui na SuperInteressante uma boa resposta e compartilho com vocês:

Por que Shakespeare é considerado um gênio?

Porque sua obra alterou o rumo da literatura mundial. Harold Bloom, famoso crítico americano e autor do livro Shakespeare: A Invenção do Humano, diz que o dramaturgo inglês entendia a alma humana como nenhum outro autor jamais entendeu. 

A razão para isso podem ter sido as circunstâncias em que escreveu sua obra. No século 16, Shakespeare era muito popular e encenava suas peças para todo tipo de pessoas. Nobres, letrados, prostitutas, gatunos e artesãos lotavam os teatros em busca de diversão. Entreter esse público, nada ordeiro ou silencioso, não era tarefa fácil e o jeito que Shakespeare encontrou foi representar no palco personagens com quem todos ali pudessem se identificar. “Os grandes gênios são espelhos nos quais os leitores acabam encontrando a si próprios”, escreveu Bloom. 

Shakespeare escreveu os maiores clássicos do teatro e criou uma galeria de personagens que fascinam a humanidade mesmo séculos após sua morte. “Todos os produtos culturais feitos depois de Shakespeare recorrem a tipos imaginados por ele”, diz Peter James Harris, professor de Literatura Inglesa da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp). 

Como Bloom e Harris, a maior parte dos críticos literários da atualidade concordam que continuamos vivendo sob o impacto das obras do bardo inglês. Chamá-lo de gênio, portanto, é fazer-lhe justiça.


Comentário: Notem que é simples a origem de sua genialidade, ele conhecia a alma humana muito bem e fazia seus personagens baseado na observação do real. Bem o que ocorre é que, enquanto humanos, tendemos a subestimar o simples.

terça-feira, 12 de julho de 2011

10 estratégias de manipulação da mídia

Encontrei pelo twitter esta lista das “10 estratégias de manipulação” através da mídia. Saiu de algum dos livros do lingüista estadunidense Noam Chomsky, conhecido pelas suas posições políticas de esquerda e pela sua crítica da política externa dos Estados Unidos.

1 – A ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO
O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distrações e de informações insignificantes.

A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir ao público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais (citação do texto ‘Armas silenciosas para guerras tranqüilas’)”.

2 – CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES
Este método também é chamado “problema-reação-solução”. Cria-se um problema, uma “situação” prevista para causar certa reação no público, a fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o mandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.

3 – A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO
Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a conta-gotas, por anos consecutivos. É dessa maneira que condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que haveriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.

4 – A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO
Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo “dolorosa e necessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Em seguida, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se com a idéia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.

5 – DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS DE BAIXA IDADE
A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente mental. Quanto mais se intente buscar enganar ao espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por quê?”Se você se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, então, em razão da sugestionabilidade, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade (ver “Armas silenciosas para guerras tranqüilas”)”.

6 – UTILIZAR O ASPECTO EMOCIONAL MUITO MAIS DO QUE A REFLEXÃO
Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e por fim ao sentido critico dos indivíduos.Além do mais, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar idéias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos…

7 – MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE
Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores às classes sociais superiores seja e permaneça impossíveis para o alcance das classes inferiores (ver ‘Armas silenciosas para guerras tranqüilas’)”.

8 – ESTIMULAR O PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE
Promover ao público a achar que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto…

9 – REFORÇAR A REVOLTA PELA AUTOCULPABILIDADE
Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, o individuo se auto-desvalida e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos seus efeitos é a inibição da sua ação. E, sem ação, não há revolução!

10- CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS SE CONHECEM
No transcorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado crescente brecha entre os conhecimentos do público e aquelas possuídas e utilizadas pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos a si mesmos.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Ouvindo e entendendo estrelas

Compartilho com vocês um dos elementos básicos da minha veia artística, o poema. Mas não é um poema qualquer, é o XIII soneto de Olavo Bilac

"Ora (direis) ouvir estrelas!
Certo, perdeste o senso!"
E eu vos direi, no entanto,
que, para ouvi-las, muita vez desperto
e abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
a via láctea, como um pálio aberto,
cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Apaziguando ânimos na Bolívia - Guia do Mochileiro Foca

No post anterior eu disse que ia contar sobre como apaziguei uma discussão num ônibus na Bolívia. Foi uma história muito engraçada que se passou em Uyuni, logo após atravessar o deserto em três dias de jipão no meio do nada e perder uma das minhas três mochilas na empreitada.

Eu havia conseguido a última passagem no ônibus diário que ía para Sucre, capital original da Bolívia. Bem, não era exatamente um ônibus, era um micro, com bagageiro no teto, do lado de fora, e a última passagem era no último banco (que não reclina) na janela. Detalhe: Janela quebrada com um frio em volta de cinco graus negativos para uma viagem à noite.

Depois de acomodar minha mochila maior no meio do corredor por medo de perdê-la naquele bagageiro medonho, sentei-me acomodando a mochila menor aos meus pés. O banco não reclinava porque logo atrás estava a parede do fundo do ônibus. Eram quase sete da noite e as pessoas estavam se acomodando nos lugares.

Eu, já sentadinha, conversava com uma dupla de brasileiros de Minas que também estavam de mochila pela Bolívia quando duas senhoras chegaram. Elas estavam usando o traje típico de chola, que as mulheres mais tradicionais usam no dia-a-dia. Uma, justamente a mais gorda, sentou-se ao meu lado e eu previ a situação do atum enlatado durante toda a viagem. A outra viu que seu lugar estava ocupado por um senhor de idade e disse a ele: "Caballero, estás en mi asiento".

O senhor insistiu que aquele lugar era dele e a senhora insistia que ele devia ir para o lugar dele, que logo se viu, era uma polrona ao lado. Acontece que o senhor era aparentemente afetado por algum tipo de esclerose devido à idade e não se dava conta de que o número que estava da passagem não correspondia ao de sua poltrona.

Em poucas frases, a discussão estava formada: Senhora chola teimosa e brava X Senhor esclerosado. E os outros passageiros começaram a tentar intervir, desastrosamente, pois ninguém tinha se dado conta ou não tinha paciência em lidar com um senhor esclerosado. Até então eu estava quieta no meu canto. Achei que se metesse meu bedelho poderia causar mais problemas porque eu era apenas uma mochileira que se metia na discussão entre dois bolivianos de idade.


O negócio foi evoluindo e logo o ônibus parecia um estádio, com os passageiros urrando a cada vez que o senhor se negava a sair do assento em que ele estava. No último urro, bem sonoro, me levantei e com minha voz nada baixinha comecei a tentar convencer o senhor a ir para o assento certo da minha forma (em castelhano, mas aqui vou botar em português o que eu disse):

- Senhor, tenho certeza de que é melhor para o senhor ir para aquele assento, porque ele é mais confortável que este que o senhor está sentado.

O senhor me olhou com uns olhinhos que mudaram da incompreensão vaga para a concordância e trocou de assento. Os passageiros urraram de felicidade pela questão resolvida e a senhora chola me agradeceu sentando finalmente em seu assento comprado.

Pronto, um final feliz. Pela paciência e tolerância. Ainda vou contar outras histórias das muitas que tenho nessa vida que Confieso que he vivido. [+]

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Movimento, uma palavra em extinção

Estamos em um mundo onde o número de obesos é maior que o de subnutridos. A porcentagem de obesos no Brasil é de 11%, menos que a China, 15%, Japão e Europa, 20% e EUA, com estimativas de 30% a 50%, de acordo com o site Brasil Escola.

E porque essa taxa é preocupante? Porque tende a aumentar devido aos hábitos de alimentação não saudáveis (o fast food e a comida industrializada principalmente) e ao sedentarismo.

Acompanhei aquele quadro do Fantástico, Medida Certa, no qual dois jornalistas do programa, Zeca Camargo e Renata Ceribelli passaram por três meses de reprogramação de seus hábitos cotidianos para melhorar a saúde. Achei interessante porque a base da reprogramação não era dieta, era movimento.

Chamou atenção um momento no qual Renata estava correndo na esteira e disse para a câmera: "Atala (o personal trainer) disse para eu chamá-lo quando completasse 300 calorias gastas na esteira". Ela o chamou e ele disse: "Só fiz isso prá dizer que nos anos 1970 as pessoas gastavam 300 calorias a mais que hoje. Isso significa que já começamos o dia com o desafio de queimar 300 calorias a mais".

Achei interessante porque se há essa diferença histórica, ela se deve principalmente às facilidades que temos hoje e que nos deixa preguiçosos e mal acostumados. Tem elevador, escada rolante, carro, delivery, tudo para facilitar nosso sedentarismo.

O mais interessante é que sedentarismo não faz mal apenas à saúde, mas ao humor, às relações sociais, ao bem estar. É bom se movimentar porque a gente se sente bem, feliz, respira bem, dorme bem e come sem culpa. Se você já fez algum exercício físico conhece bem aquela sensação de bem estar que a gente tem depois de terminar o exercício. É um `cansado, mas feliz`.

Se não tem disciplina, vale a pena fazer economia em outros itens do orçamento para pagar aulas frequentes de alguma coisa que se goste de fazer. Até porque, melhor pagar prá ter saúde do que para recuperar não é? O corpo é feito para movimentar, andar, correr, dançar, e principalmente ser feliz.

domingo, 3 de julho de 2011

Os Mais Mais da madrugada

Findes chuvoso com frio é sinônimo de casa. Muita gente diz que não tem nada prá fazer num finde com chuva, mas não é verdade! Prá comprovar resolvi fazer um Top madrugadão do sábado à noite. Confere aí:


1. Twittar com a hashtag #dormirehprosfracos.

2. Two and a Half Man - O seriado de maior sucesso da TV dos EUA. Passa no SBT.


3. Vinho chileno e comidas noturnas.

4. Altas Horas - Vida inteligente na madrugada. Passa na TV Globo, apresentado e dirigido pelo Serginho Groisman. Tem vários entrevistados e bandas legais.


5. Assistir filminhos clássicos embaixo da coberta.


6. Ler aquele livro que você comprou há séculos e ainda não leu. (tenho uma lista só prá isso!)

7. Navegar aleatoriamente pela internet baixando porcarias para ver um dia.


8. Aproveitar que é meio de ano para avaliar se suas metas de ano-novo estão sendo cumpridas.


9. Ler horóscopos antigos para saber se eles estão certos.

10. Preparar listas inúteis só para fazer alguma coisa enquanto assiste TV.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

10 mandamentos do Twitter

Veja só a lista feita pelo Planeta Twitter com os 10 mandamentos do Twitter.
1 – Seguirás somente quem posta coisas do teu interesse;
2 – Não precisarás seguir todos que vos segue;
3 – Não postarás tudo que fazes, mesmo sendo esta a proposta inicial;
4 – Não considerarás o Twitter teu amigo imaginário;
5 – Não farás uso do Twitter como um comunicador instantâneo;
6 – Postarás link e discutirás coletivamente;
7 – Retuitarás;
8 – Não falarás mal do teu emprego;
9 – Não reclamarás o tempo inteiro;
10 – Se não te agradares, não seguirás mais.


#UmaFoca: Não considerarás o Twitter teu amigo imaginário, viu? O blog pode até ser, mas o twitter não!

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Me pegou num mal dia

Recebi o seguinte e-mail, numa #segundafeira:

------------------
Citando Serviço Web Mail: Serviço Web Mail <susan.gerred@att.net>

Caro usuário da conta.
Informa-se que queremos melhorar o nosso webmail em um par de dias a partir de agora, e sua conta deve ser reativada para terminar de ativar sua conta, você deve entrar em sua conta novamente clicando em atualização da conta.


Atualização da conta
Falha ao actualizar a sua conta de webmail pode causar perda de informações importantes na sua caixa de correio ou causar acesso limitado a ele.


Obrigado por usar o Webmail.
-----------------

E, como era #segundafeira, respondi:
Para: mc_dennis19@yahoo.com, Serviço Web Mail <susan.gerred@att.net>
Assunto: Re: Caro usuário da conta

Caros,
Seus endereços serão reportados como spammers. Da próxima vez que tentarem instalar um spy ou roubar informações da minha conta ou do meu computador, estudem mais um pouco e sejam mais inteligentes, porque essa história de acesse o link para atualizar, deixou de colar há séculos.

Como, provavelmente, estes emails aos quais respondo são de contas já invadidas, fica apenas o meu desejo de que os crackers imbecis que começaram essa corrente permaneçam em sua imbecilidade, o que não será nenhuma tarefa árdua.

Atenciosamente,

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Jovem e imprevisível - A história de um vulcão

Voltamos a falar do Chile aqui no UmaFoca. Tudo por conta de Puyehue, um jovem vulcão, em plena erupção de sua existência.  Salvo as consequências de sua liberdade juvenil, é um belo espetáculo que nos faz refletir sobre algumas coisas:

- Se vários vulcões resolvessem entrar em erupção ao mesmo tempo, o mundo viraria um caos;
- O mundo não precisa de humanos para virar um caos;
- Humanos são insignificantes diante das forças naturais.

Enrique Valdivieso, o engenheiro chileno que comanda o Serviço Nacional de Geologia e Minas (Sernageomin), organismo do governo encarregado de vigiar o comportamento dos vulcões diz que "os vulcões têm um comportamento imprevisível".

O cientista cita o caso de duas erupções anteriores do Puyehue, com durações de duas semanas (em 1961) e dois meses (em 1921). "O vulcão ficou instável. O Puyehue tem lapsos de tranquilidade e de momentos de maior agressividade. Não podemos saber se está em um período de recesso ou se vai aumentar de novo a atividade. Calculamos que o Puyehue terá pelo menos mais sete dias de atividade", disse.

(Com informações do site Exame.com)

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Estraanho...

Admito! Vou fazer mestrado. Saiu aqui no site do Pós-JOR da UFSC. Passei pelas três etapas da seleção, que durou mais de um mês. Meu projeto de pesquisa é em Comunicação de Risco e Desastres. Sempre com aquela dúvida, mas apostando em: se for prá ser, eu passo, senão, vou reprovar na seleção. Simples assim.

São mais dois anos em Floripa. Como assim? E a coceira no pé? Sei lá, dá-se um jeito. Mas achei que era o momento e que, sendo o momento, eu devia aproveitar. E que a *conjunção astral* estava favorável. (antes que levem esse lance de conjunção astral a sério, vou dizer que o que está entre ** é ironia, certo?)

Estou feliz? Sim, estou! Mas estou apreensiva. Porque os planos que a gente faz nunca acontecem do jeito que a gente planeja. Nunca pensei em fazer mestrado na sequência da graduação, mas cá estou. Mas, não é assim que rola a vida? Sem que você planeje, as coisas vão acontecendo. Você aposta e vê no que dá, e deu nisso. Então vamos viver!

Agradeço o pessoal do CEPED UFSC que me incentivou, leu meu projeto, me encheu de perguntas e respostas. A minha família que escutou minhas dúvidas e me apoiou no que quer que eu fizesse. Às pessoas especiais que estão sempre comigo, fazendo da minha vida mais intensa, mais brilhante e mais inspirada a cada dia. 

E chega de tanto nhenhenhem, porque a partir de agora o trabalho é outro. Temos uma dissertação para, daqui a dois anos, defender o grau de mestre em Jornalismo. E até lá, muito trabalho!

quinta-feira, 2 de junho de 2011

''Quebrando Tabu''

Parece que é moda ex-presidentes lançarem documentários com verdades inconvenientes. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso participou da produção do filme Quebrando Tabu, um manifesto pacifista a favor da descriminalização das drogas.

O argumento não é novo e já vinha se espalhando entre os pensadores. Seu ponto de vista é oposto ao adotado pelas autoridades que combatem o tráfico de drogas com uma guerra declarada. Nele o assunto deve ser tratado como um caso de saúde pública, sem criminalizar os usuários. Dessa forma a liberação controlada das drogas seria o melhor caminho para quebrar o ciclo do tráfico.

Esta prática já existe na Holanda. O país liberou o uso de maconha em cafés credenciados e observou o consumo cair. FHC diz que o filme quer fomentar o debate para que o assunto seja discutido e analisado amplamente. O fato é que a política de guerra ao tráfico não está funcionando.

Leia matéria aqui no Estadão.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Dia da toalha 2011

Mais um ano com a toalhinha a tiracolo. Me lembro deste dia no ano passado, quando esperei ansiosamente o dia da toalha #towelday e por isso, saí de casa já com minha toalha no ombro. Desta vez quase me esqueci, foi o twitter que me lembrou. Mas é lógico que não li o Guia dos Mochileiros das Galáxias à toa e sempre saio com minha toalha, já que você precisa estar preparado para uma possível viagem galáctica.

Então estou aqui, com minha toalhinha lilás, discreta no ombro e tentando explicar a importância desta data para quem não é mochileiro das galáxias. Leia a explicação aqui no Universo Bizarro: Mantenha sua toalha sempre à mão.  

#UmaFocadiz: Adeus e... obrigada pelos peixes!

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Bêbado ao volante

Se beber não dirija já é chavão, mas esta propaganda foi muito bem sacada. Confere aí.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Cléopâtre: La Derniere Reine d'Egypte

Cléopâtre é um musical francês, lançado em 2009. A primeira vez que ouvi falar deste musical foi pela rivalidade com Mozart l'Opera Rock, pois ambos disputavam o mesmo público.

Então resolvi baixar o DVD pelo Torrent e conferir. Foi surpreendente! O DVD é muito bem produzido. O musical tem canções muito boas, elenco impecável, coreografias e cenários sensacionais, realmente um grande espetáculo, em qualidade e show. Em qualidade achei melhor que o Mozart l'Opera Rock, embora este tenha tido mais destaque popular.

Sofia Essaidi, no papel de Cleópatra, não apenas canta e atua muito bem, mas se destaca em cenas de dança em que a coreografia exige muita habilidade.

Os outros personagens, assim como o roteiro são muito bem desenvolvidos. A voz de Dominique Magloire, no papel da sacerdotisa Charmion, é um misto de força e emoção. Julio César é interpretado por Christopher Stills, cuja voz não tem muito destaque, mas a interpretação emociona.

Marco Antônio é o papel de Florian Etienne, que foi o único cuja atuação não achei lá grande coisa. Amélie Piovoso tem o papel mais chato, o de Octavie, a irmã de Octavius, a esposa traída de Marco Antônio. É um personagem que aparece no segundo ato e parece meio que empurrado para aparecer no enredo.

Aliás o segundo ato, num aspecto geral, é mais fraco que o primeiro. Tem grandes cenas como a entrada faraônica de Cleópatra logo no início e o final, com cenas e canções mais dramáticas. As cenas de Octavie com Marco Antônio são encaixadas rapidamente, sem um contexto bem definido, ou bem articulado com as outras cenas.

Mehdi Kerkouche faz o papel de Ptolomeu, irmão de Cleópatra, com quem divide o trono após a morte de seu pai. Mehdi já foi dançarino em outros musicais e neste estréia como cantor. Em alguns vídeos do YouTube dá prá ver os improvisos engraçadíssimos dele.

E como antagonista, Octavius, papel de Mickael Trodoux, que além desse, interpreta brilhantemente outros dois papéis, Cícero e Pothin. E além disso ainda dança!A cena final dele com Cleópatra é brilhante e arranca aplausos enraivecidos da platéia.

Os figurinos são bonitos e com sacadas muito boas, como a dos chacais sob perna de pau e os trajes que brilham na luz roxa de uma das cenas de dança. A cada nova cena, Cleópatra tem um novo e belíssimo traje. No geral, o espetáculo é emocionante e empolgante. E com muita qualidade cênica, vocal e coreográfica. Em um próximo post vou falar sobre as músicas.

Esse é o elenco principal, da esquerda para a direita: Dominique Magloire, Mehdi Kerkouche, Amélie Piovoso, Christopher Stills, Sofia Essaidi, Florian Etienne e Mickael Trodoux.

domingo, 15 de maio de 2011

Primeira aula de balé do Shrek

Comecei a fazer aula de balé na sexta passada. Estava tentando encaixar as aulas no meu horário desde março, mas sabe, vc vai protelando, protelando e quando vê já se foram dois meses. Aí depois que voltei de viagem decidi que já era a hora.

Olha só minhas sapatilhas já costuradinhas --->>>

E porque começar a fazer balé depois de adulta? Minha mãe foi a primeira a rir da minha decisão. Disse que eu ía acabar atropelando alguém em um daqueles giros que deviam ser graciosos. Eu mesma cheguei a duvidar de que era possível começar balé depois de adulta, mas hoje em dia quase todas as escolas de dança tem balé adulto para iniciantes.

Encontrei o blog Ballet Adulto que tem informações bem legais a respeito. Aqui em Floripa, no bairro que moro tem várias escolas com horários para adultos iniciantes. Então escolhi a mais perto, com horários que não batiam com os do teatro e fui lá sofrer um pouquinho.

Prá uma pessoa cujos movimentos mais graciosos eram alguns do Kata Enpi, quando treinava Karatê, balé é um extremo de delicadeza. Mas achei tão bom começar uma coisa diferente e que ainda por cima vai me treinar para o teatro musical que resolvi investir. E toda pessoa que faz balé investe em equilíbrio corporal, controle sobre os movimentos, alongamento e treino físico.

E ainda se diverte dançando! Realmente é muito diferente de tudo que já fiz, mesmo a dança folclórica, é outra coisa. E imaginem só como seria o Shrek dançando balé? É mais ou menos isso que eu achava que seria se eu me aventurasse nesses rumos. Mas até que prá primeira aula me saí bem. Não esbarrei em ninguém, não caí, nem acertei o olho de ninguém. O professor disse que tenho jeito (!?). Sério!

Agora, pelo menos, passei do Shrek prá Fiona, quem sabe mais tarde, talvez passe pro Gato de Botas? Só que de sapatilha!

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Questões em busca de respostas tecnológicas

Sempre que tenho de ir a um lugar distante e, principalmente, quando estou atrasada, me pergunto quando vão inventar o teletransporte. A mesma coisa acontece com outras questões filosófico-tecnológicas. A começar por esta, separei algumas para compartilhar esta dúvida com vocês.

1. Teletransporte
Soube que já teletransportaram minúsculas particulinhas começando em 1997 pelo fóton, uma partícula de energia e por último, em 2009, foi o teletransporte quântico, aonde apenas vai informação, não matéria, nem energia. Veja aqui no Ciência UOL como funcionaria. A revista Mundo Estranho já se perguntou se será possível algum dia teletransportar pessoas como no Star Trek. Pelo fóton e pelo quântico, acho melhor não esperar.

2. Eu, eu mesmo e outro eu
Em um momento ou outro da nossa vida, queremos ser dois ou três ou quatro para dar conta de nossas tarefas e ainda delegar as coisas mais chatas a outra pessoa, não é? No Superman os autores já fizeram isso pacas, mas aí é só. Tecnicamente você não pode se dividir em dois, pois a partir do momento em que haveria outro de você, essa pessoa teria outra consciência, portanto seria outra pessoa. Mesmo que a consciência possa se dividir, isso só acontece por causa dos níveis da consciência que uma pessoa possui. Portanto, se você tem um monte de coisas prá fazer é melhor fazer rápido, porque a ciência não vai te ajudar.

3. Transformar pensamento em coisas
Isso seria a solução de todos os nossos problemas. Ninguém mais passaria fome, nem tédio, nem carência afetiva. Mas, não, não há como. No máximo você pode ver no Guia do Mochileiro das Galáxias uma máquina que transforma o que você tá pensando em comida. Mas mesmo assim a comida não sai da mesma forma que você queria.


4. Sonhos que viram filme
Você sempre sonha coisas incríveis que dariam filmes ótimos. Mas ainda não existe tecnologia para transformá-los em nada além de um post no blog. No filme A Origem, as pessoas conseguem montar e conduzir os sonhos com um sistema interessante. Mas, esse sistema não existe de verdade, portanto, vai sonhando.

5. Um convocador de coisas perdidas
Seria ótimo ser como Harry Potter e convocar magicamente qualquer coisa com um simples Accio! E não só vassouras voadoras, mas chaves, celular, guarda-chuvas, pendrive. Principalmente para as pessoas que nunca se lembram em que buraco negro meteram suas coisas. Para isso a tecnologia dá jeito! Mas só para metais atraídos por ímãs. Ou seja, se você perder uma agulha num palheiro, use a tecnologia, pronto! Fora isso o melhor é tomar vergonha na cara e melhorar sua organização e concentração, porque tecnologia até salva mas, não é deus.

domingo, 17 de abril de 2011

Mozart l`Opera Rock - o musical

Finalmente pude assistir o DVD do musical francês Mozart l`Opera Rock, lançado em 2009, o que eu aguardava há meses. Baixei pelo torrent neste link . Não tem legendas então fii, tem de sacar francês mesmo.

O espetáculo
No geral é um espetáculo muito dinâmico e fluído. Não é um musical só cantado como Notre Dame de Paris, há falas inseridas. As músicas são ótimas, mas deixam a desejar no contexto. A impressão que dá é que as letras foram feitas antes do roteiro e do texto final, pois elas parecem deslocadas.

Wolfgang Amadeus Mozart, pour vous servir
Essa é a primeira fala do personagem principal (reproduzida na foto ao lado), quebrando habilmente uma cena dramática. Mas a quebra bem feita não foi repetida em Tatoue moi.

O single principal do espetáculo é uma letra cômica e picante e ficou situada entre duas cenas dramáticas, sendo que a própria cena em que Mikelêngelo Loconte (Mozart) atua cantando, tem ares de drama e pouquíssima insinuação de comicidade (foto seguinte). O fundo e a forma ficaram evidentemente contrastantes. 

Outra canção deslocada é Bim Bam Boum de Melissa Mars, que interpreta Aloisia Weber, o primeiro amor de Mozart. Pela letra o personagem é um, pelo desenrolar das cenas, é outro. Aliás, fraquinha a srta. Mars, tanto na voz, quanto na cena.

Si je déffaille
Chega a destoar da atuação de Claire Perot, que interpretou Constanze Weber, a esposa de Mozart, na primeira temporada do musical. Ela possui ótima qualidade cênica e vocal, para mim o destaque do espetáculo.(Claire e Melissa contracenam na foto ao lado)

No segundo ato, o personagem de Florent Mothe, Antonio Salieri, praticamente entra mudo e sai calado das cenas e só mostra alguma densidade nas canções. Isso desequilibra o personagem dele, já que ele é o que se considera o rival de Mozart.

Faltou dar mais espaço ao personagem no roteiro, ele ficou espremido entre as três canções que atua solo e só a partir delas vemos alguma dica de quem é Antonio Salieri. A impressão que tive foi de que algo foi cortado antes de Le Bien qui fait mal (foto ao lado), e fez falta.

Quanto a Mikelangelo Loconte, o próprio Mozart, eu entendi porque a crítica caiu em cima dele, dizendo que era um "Mozart que gesticula". Falta densidade na interpretação. Sabem aquela atriz que fez Crepúsculo, Kristen Stewart? Ela faz a mesma cara em todas as cenas, todos os filmes. Loconte é dessa linha.


Mas uma coisa gosto em Loconte. Ele é original e carismático. Entendo que os diretores o escolheram para o papel por isso. Gosto da cena em Le troublion (ao lado) e da energia dele no palco.


Dos outros tres membros da troupe, Solal, que interpreta o pai de Mozart, tem uma voz firme e bem talhada para o papel que ele cumpre bem. A irmã de Mozart, Nannerl, papel de Maeva Méline, também cumpre bem e sua canção solo, Dors Mon Ange (ao lado), é emocionante.

E por fim, Merwan Rim, que primeiro aparece cantando La chanson de l'aubergiste e depois vira o Clown, um papel abstrato e tragicômico que aterroriza os pesadelos de Mozart (foto ao lado, abaixo). Merwan também se destaca nas cenas.

O restante do elenco, dançarinos, músicos, atores, são todos muito equilibrados. Os cenários, em geral, são grandiosos e bem montados, mas não gostei da casa dos Weber, destoou pelo minimalismo. O figurino é incrível, completamente dentro da proposta de Mozart (1756-1791), ícone do comportamento rock. O figurino mescla a moda do século XVIII com figurinos de rock e produções muito modernas, extravagantes e ousadas. Gostei, deu tom e consistência aos personagens e influiu muito na composição.

Quanto à montagem do DVD, achei que, em certos momentos, o corte de cenas é desastroso e cruel com alguns atores, pois corta momentos muito bons da interpretação para outra cena à distância ou um ângulo nada a ver.

Mas, é bom e eu gosto
Os musicais franceses são assim, diferentes da Broadway (ainda bem!), únicos e muito bem montados, com estratégias de marketing que deixa qualquer produção cultural do Brasil no chinelo (ou abaixo dele). E também adorei a mistura de erudito com rock num musical. Original, vibrante e mostra bem o que a arte deve ser, um território sem fronteiras, nem rótulos.

Enfim, vale conferir e vale curtir. J`aime!