segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Viver é um risco que temos que correr

“Para mim, é impossível existir sem sonho. A vida na sua totalidade me ensinou como grande lição que é impossível assumi-la sem risco.” 

Paulo Freire

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Prova de altruísmo vira exigência em concursos e eleições para cargos públicos

Enquanto estava na graduação na UFSC, aproveitei a carga de optativas para expandir meu conhecimento em outras áreas. Então rumei para uma disciplina do CSE, chamada História do Pensamento Econômico. E o que aprendi lá me marcou muito.

Lembro-me especificamente de um trabalho que me apresentou a alguns nomes do pensamento econômico. Entre eles, um me faz pensar até hoje.

Claude Henri de Saint-Simon, um filósofo e economista francês (1760-1825). Suas ideias foram a base do socialismo moderno, e principalmente do socialismo utópico. Ok, eu sou daquelas pessoas práticas que olham a palavra utopia com uma boa carga de preconceito e por isso que as ideias desse cara me marcaram muito.

Em um ambiente de efervescência de novas ideias políticas, que era Paris na época em que ele viveu, ele defendia que um novo regime político-econômico devia ser pautado pela ciência, pelo progresso científico para que a administração pública fosse mais eficiente e socialmente justa.

Lembrem-se que a Revolução Francesa foi em 1789 e revolucionou o pensamento não apenas da França, mas de todo o mundo. Naquela época, pensar em justiça social era loucura, pois os nobres eram os únicos a terem direitos. A justiça para a plebe era o chicote. Só isso coloca o cara num patamar de pensador revolucionário. Mas suas ideias iam mais longe.

Ele propunha tirar os burocratas, políticos e nobres do poder e colocar os intelectuais e cientistas. Dessa forma, a administração não seria voltada apenas para os interesses de uma minoria privilegiada, mas seria feita de uma forma mais inteligente, com eficiência científica. Assim, o progresso material e social seria garantido, pois os pensadores no poder sempre primariam por decisões boas para todos.

Até hoje me pego pensando nisso. Se, pudéssemos isolar as variáveis e analisar o pensamento de Saint-Simon a partir do desempenho de cientistas e pensadores no poder, o que teríamos de resultado? Tudo bem que isolar as variáveis é muito difícil, pois política é um cenário complexo, com uma gama variada de interesses, partidos e pessoas que mudam de ideia ao sabor dos ventos - e das eleições.

Mas não consigo deixar de acreditar que ele tinha razão. Precisamos de pessoas inteligentes no poder. Há um excesso de gente burra. Gente burra no sentido de que usam suas capacidades para deturpar a função pública, usando sua posição para favorecimento próprio. Esse nunca foi o objetivo do cargo público.

Ao contrário da época em que Saint-Simon viveu, hoje temos um cenário de democracia, no qual a plebe se elege por popularidade, e não necessariamente por competência. E até existem bons políticos que não são grandes intelectuais, nem cientistas, mas são bons pensadores. Porque pensam no bem público. São altruístas.

Daí então, venho complementar a tese de Saint-Simon. Acho que deveria haver uma prova para todo candidato a cargo público. Uma prova de altruísmo. Eliminatória.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Tarefa de hoje: Fazer uma lista de livros

Ah listas! Adoramos fazer listas. Apesar do Iphone ter um bloquinho de notas muito útil eu ainda tenho o hábito de fazer listas de papel e riscar as coisas na medida que vou fazendo. É tanta lista que minha agenda tem que ter obrigatoriamente um lugar para guardá-las.

Faz tempo eu tinha uma agenda com páginas que eram só para listas e uma delas era de livros para ler. Desde que terminei o mestrado tenho me acostumado lentamente à liberdade de ler o que eu quiser e começou a surgir a necessidade de fazer novamente uma listas de livros para ler. Não vou colocar na lista os livros que eu já tenho mas ainda não li, só os que eu preciso adquirir. Bora lá:

Adeus a Berlim - Christopher Isherwood (1939) [+]
Quero ler esse por causa da descrição da personagem Sarah Bowles, que vi em outro livro.

Walden - Henry David Thoreau (1854) [+]
Leio Thoreau e os pensamentos dele me soam tão familiares. Identificação imediata. Walden é um dos livros dele que me faltam.

Um bonde chamado desejo - Teneessee Williams (1947) [+]
Certo, fiquei curiosa depois de vê-lo citado no seriado The Big Bang Theory. Na série, a personagem Penny, que é atriz, consegue um papel na peça.

Incidente em Antares - Érico Veríssimo (1971) [+]
Lembrei-me da série que a Rede Globo produziu e fui em busca dos Veríssimo que não li.

A insustentável leveza do ser - Milan Kundera (1984) [+]
Estou com esse livro na cabeça há um tempão.

Cem Anos de Solidão - Gabriel García Márquez (1967) [+]
Um dos livros de Gabo que não li e que me soa, tipo assim, básico.

Vento Leste, Vento Oeste - Pearl S. Buck (1930) [+]
Depois de ler A Grande Travessia, da mesma autora, me interessei por seu primeiro livro publicado. E por outros também, mas esse primeiro.

Madame Bovary - Gustave Flaubert (1857) [+]
Li um comentário recentemente e me pareceu básico ler esse livro para dar mais corpo a uma determinada cadeia de ideias.

Dom Quixote, de Miguel de Cervantes (1605) [+]
Soube que o musical O homem de La Mancha vai estrear em São Paulo e me ocorreu que nunca li Dom Quixote. Além disso uma frase dita pelo personagem título e repetida por Dulcinéia na peça me fez querer conferir a obra escrita: Acreditar na virtude é mais importante que a própria virtude. Interessante!

Por enquanto são esses. Estou procurando alguns autores atuais que lançam essas histórias longas tipo Crônicas de Gelo e Fogo, Gone, se tiverem sugestões, deixem aí nos comentários! Só não livro de zumbi, porque me dá pesadelos, hahahah!


sábado, 21 de setembro de 2013

“Se eu me perder um dia, não repares.  Eu me perdi na luz dos teus olhares,  E achei-me na canção.  Minha canção tornou-se a tua imagem,  E minha vida é como uma viagem  Na tua direção.”

Maestro

terça-feira, 9 de julho de 2013

Rumores - Como lidar com boatos em situações de crise

A internet nos trouxe muita coisa boa, principalmente a possibilidade de acesso à informação e expressão, mas com ela, também vieram os maus hábitos da fofoca, dos rumores e da disseminação de boatos e lendas urbanas. Só que agora, eles ganham grande dimensão em tempo real. Isso é um grande desafio quando se trata de comunicação em crises e desastres.

Em 2004, quando a gripe aviária se tornou epidemia na Ásia, a OMS (Organização Mundial da Saúde), se mobilizou em um escritório de vigilância para dar conta de desmistificar boatos sobre a gripe H5N1. Eles identificaram 40 rumores, dos quais nove se revelaram verdadeiros.

Em uma situação de crise, os boatos se instalam quando a comunicação falha, por isso a comunicação em crises é tão importante. Ao final a equipe da OMS (World Health Organization Outbreak Response Team), preparou uma publicação para compartilhar sua experiência no gerenciamento dessa crise.

Assim como a OMS, outras equipes de comunicação institucional gerenciaram muitas crises e compartilharam suas resoluções. No artigo Rumors: Information Is the Antidote, o especialista em comunicação de risco, Peter M. Sandman, contou algumas dessas histórias e destacou seis boas formas de se responder a falsos rumores. Interessante ver que as dicas servem para todo tipo de rumor.

1. Repeat the rumor you’re rebutting. If people are hearing X from their friends and coworkers, you can’t just say Y instead, as if you hadn’t even heard the rumor. You need to start by saying, “Yes, I heard X too.”

2. Be empathic toward those who believe the rumor. You don’t want to validate that X is true, since your point is that it’s false – but it helps to validate that people aren’t stupid to think X might be true.

3. Demonstrate that you have taken the rumor seriously. Many people expect official sources to deny damaging rumors whether they’re true or not. So if you want your denials to be credible, show that they’re not knee-jerk. “Here’s what I did to look into the rumor…. And here’s what I learned….”

4. Give evidence that the rumor is false. Your evidence may be quantitative data. It may be quotations from credible third parties. It may be anecdotal. Ideally, it will be all of the above. Don’t expect people to take your word for it.

5. Discuss all evidence that the rumor is true. Assume people have heard or will hear the other side’s most persuasive arguments. They will loom all the larger if you haven’t mentioned them. If the evidence is 95% on your side, don’t claim it’s 100% on your side. Talk about the discrepant 5%.

6. Promise to stay alert. Good science is always tentative, and so is good risk communication. “Even though there are no signs of X so far, I am keeping an open mind. If the situation changes, here’s how I’ll know…. And if that happens, I will announce it immediately.”



terça-feira, 16 de abril de 2013

A morte como conselheira de uma vida intensa

A morte é uma coisa que chacoalha todo mundo. Chacoalha quando é repentina, chacoalha quando vem aos pouquinhos. Quando vem aos pouquinhos, as pessoas envolvidas podem se preparar, mas nunca estamos preparados, nem os que ficam vivos, nem os que morrem.

Morrer é uma cena para a qual não tem ensaio.

A Morte é a melhor conselheira da vida. Quando você precisa de um conselho, vire-se para a Morte e ela lhe estenderá a mão. Ela lhe mostrará que a vida é breve, que nenhum momento se repete, que não se deve perder nenhuma chance, para que na hora da morte você possa olhar para sua vida e ter a certeza de que sua vida valeu a pena. Com seus erros e acertos. E que você perdoou e foi perdoado. Que suas dívidas neste plano foram sanadas.



segunda-feira, 18 de março de 2013

Sobre títulos

Não há como não sentir uma agonia ao ir à livraria e ver tantos livros nas estantes sabendo que a decisão de ler ou não cada um deles é resumida a algumas impressões. Dentre elas uma me agonia, particularmente: o título.

Título, essa palavra com T que deve, pretensiosamente, ser o resumo do livro, dar o sentido pleno do conteúdo e ser o mote do marketing, deve ser vendável.

Todos aqueles livros tentando se vender pelo título. E o que os títulos me dizem? Marcantes, abrangentes, resumem dramaticamente o conteúdo. Alguns tentam fabricar um pretenso best-seller, mais um autor norte-americano da indústria de livros seriados, dez volumes em cinco anos.

Vejo esses nomes mais destacados que o título com receio. Li rapidamente algumas parte de Crônicas de Gelo e Fogo, de George R. R. Martin, que estão se tornando o enredo do aclamado seriado Game of Thrones, da HBO. A série é ótima, mas os trechos que li dos livros não se venderam para mim. O título? Bem, em meio a uma avalanche de livros que falam de fantasia, magia, bruxas, magos, zumbis e vampiros, seria mais um. Mas está na HBO e esses autores norte-americanos de best-sellers são os grandes destaques nas livrarias, com mais de 80% das estantes.

Há pouco terminei de ler A Grande Travessia. Um título abstrato, uma história autobiográfica. Um livro que não comprei pela promessa do título, muito vaga, mas pelo prêmio Nobel de literatura, ganho em 1938 pela autora, Pearl Buck. O que me levou a comprar esse livro? Eu queria entender como um Nobel de Literatura escreve.

Quem poderia dizer? A obra dela não daria uma série de zumbis, de nobres disputando o reino, nem de vampiros, mas rendeu alguns filmes. Senti algo de shakespeariano no livro autobiográfico, pela humanidade descrita em cada pessoa, pela visão humana, pela observação atenta dos tipos humanos e suas relações. Já li outros livros de autores Nobel e observei a mesma coisa.

Mas é evidente que não desvendei, ou escreveria um livro de autoajuda com um título pretensioso: Como ganhar um Nobel de Literatura. Mas é fascinante ler os livros observando os truques dos autores, sua estrutura de organização, de pensamento, suas ideias, sua formação cultural, tudo aparece nos personagens, no enredo. São todos filhos do autor, com pequenas partes dele.

Quando você está escrevendo percebe que nenhuma sequência de palavras que você tenha escrito se repete nem no seu próprio texto. E eu fico olhando aqueles livros todos na prateleira da livraria tentando te impressionar pelo título, concorrendo com autores de best-sellers da indústria de zumbis e vampiros e me perco imaginando quantas sequências de palavras eles formam. Palavras que saíram de uma pessoa, o autor. Elas parecem saltar para mim.

Não é mais o título que importa, é o autor, a vida dele, uma parte dele está ali a venda em forma de papel. Você pode ver seu íntimo, pois ele sempre se deixa vazar nos diálogos dos personagens. Sei que existe um momento que você deve libertar seu filho para a maioridade e com os personagens não é diferente. Chega um momento em que você deve aceitar que ele não te pertence mais. Criou vida própria.

Tal qual um Poltergeist. Ele te assombra, fala contigo. Faz piada das suas situações. O vilão te tira do sério, quer te testar. Duvida das suas convicções, mostra o pior do ser humano. O indefensável. Mas ele também é teu filho! E você o traz de volta, o humaniza, mostra suas razões, seu passado. Mesmo assim ele te trai e te abandona. Agora você conviva com isso. Não pode controlá-lo, tal qual O médico e o monstro, Dr. Jekyll e Mr. Hyde.

Dói. Criar é um processo dolorosamente prazeroso. Como uma mãe que tem em seu filho a maior felicidade de todas, mas sofre a cada dia pelo medo de que ele sofra. E você ainda tem que resumir isso em uma ou poucas pequenas palavras, o título.