sábado, 31 de outubro de 2009

Mais sobre arte e jornalismo

No post anterior tem um comentário muito interessante que fala que a mesma mesquinharia que descrevi na arte ocorre no jornalismo. Sem dúvida ocorre não só nessa mas em todas as profissões, porque as pessoas são humanas, tem defeitos e virtudes e frequentemente se acham mais do que são e pensam que podem pisar nos outros por isso.

Mas o jornalismo é feito de realidade, independente das pessoas que o fazem, se você não calca seu trabalho no real, logo alguém vai perceber que isso não é jornalismo. E nem entro aqui na pretensa questão da objetividade e da isenção que já são muito questionados, mas que nem mesmo se forem abolidos livram o jornalismo do compromisso com o real.

A arte é feita de idéias, palcos, personagens, ficção, montagens. E esse é um mundo onde é fácil perder a noção do que é real quando se vive muito dentro desse círculo. É diferente de você estar na rua falando com pessoas reais para sacar informações sobre uma realidade dentre as tantas que existem.

Na arte você inventa, cria, porque esse é o trabalho. Você cria uma ilusão para as pessoas que estão naquele momento em frente à sua arte. É ótimo quando os artistas saem desse mundo de ilusão e se enchem de realidade para fazer algo por sua comunidade, para agir ao invés de só criticar. Mas infelizmente isso não é comum.

Assim como não é comum no jornalismo o envolvimento, o ativismo, aliás isso não é comum em lugar nenhum, profissão nenhuma. Os profissionais que fogem disso são realmente pessoas incomuns, protagonistas num mundo de passivos, acomodados que no máximo dizem "fiz a minha parte".

Não acredito que "fiz a minha parte" vai melhorar alguma coisa. É preciso mais que umbiguismo para consertar, é preciso envolvimento e solidariedade. Uma coisa muito, muito rara que me surpreende quando aparece mas que me estimula a continuar me metendo em confusoes.

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