sexta-feira, 7 de maio de 2010

Conversa de boteco: Achismos

Ontem enquanto nós, cantores do Madrigal UFSC, esperávamos nossas deixas no último ensaio geral da peça As Luas de Galileu, conversa rolava. Lá pelos idos do lero-lero, religião. Antes eu adorava conversar sobre religião, estudava e conhecia várias religiões e me interessava muito pelo assunto. Mas com o tempo a gente vai ficando com menos paciência para discutir com leigos porque os assuntos se repetem demais.

Não que eu me considere especialista, estou bem longe disso. Mas discutir sobre se a Bíblia está certa ou errada, se Jesus Cristo existiu ou se existe vida após a morte prá mim não tem mais graça. Prefiro conversar com pessoas que já estão além disso. Porque ficar explicando prá um ser o que é carma, haja paciência! Vai buscar no google, sei lá.

Prá vocês terem idéia da extrema paciência que eu desenvolvi a respeito, não faz muito ouvi um cristão sabatista (acho que era da Assembléia de Deus) dizer que achava horrível as pessoas acreditarem em carma porque de carma só vinha coisa ruim. Outro ser que estava comigo mas não entendia lhufas do assunto concordou e atacou ainda mais o 'carma'. Eu? Fiquei na minha.

Vou dizer prá uma pessoa que não trabalha no sábado, porque acha que é pecado, que o conceito de carma que ele tem está equivocado? Sei que muita gente acha que é importante esclarecer as pessoas e tudo o mais. Mas aprendi com o tempo que cada um tem o seu momento de aprender as coisas. E por mais que você queira que a pessoa saia da ignorância, muitas vezes você só vai fazê-la afundar mais fundo em sua ignorância se contestá-la.

Ao mesmo tempo a maioria das pessoas opina e comenta coisas das quais ouve falar ou lê rapidamente em algum lugar na imprensa, ou seja, não sabe nada do assunto, não se aprofunda ou busca outras fontes mas, mesmo assim sai dando pitaco. A maioria sim, porque no meio de uma conversa dá prá perceber - principalmente depois de aprender técnicas jornalísticas, de entrevista, confirmação de fontes, condução da conversa - facilmente isso com algumas perguntinhas pontuais.

Tipo: Fulano disse que tal celebridade é fútil. E eu comentei: Não sei, não a conheço, você a conhece? Fulano respondeu que não. Então como tem conhecimento prá dizer isso dela?
Beltrano comentou que achava ridículo fazer um filme sobre Chico Xavier porque espiritismo era coisa de charlatão. Perguntei: Você sabe o que é espiritismo? Já leu algo a respeito, conversou com espíritas? Não, a pessoa nunca fez nada disso. Então qual é a base dessa opinião?

Achismo. Do achismo nasce a fofoca, a manipulação, os mau entendidos. E depois a culpa é da imprensa.

Um comentário:

Marília Lila disse...

Achismo e também aquela necessidade de emitir uma opinião (bem barulhenta) antes dos outros; sobre qualquer assunto, parece que o mais importante passou a ser ter uma opinião e gritá-la. Mesmo que seja completamente tosca. Acho que passa pela necessidade de auto-afirmação, heeheh.
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Ah, eu vou na peça, com certeza! Vou espiar agora até quando vocês ficam "na ribalta". Beijão!